terça-feira, 8 de novembro de 2011

Aventuras em Cartagena

Na manhã do dia 04/11/2010, fechamos nossa conta em Casa Hosteles Zuetana, pegamos ‘a mala”, tomamos nosso táxi amarelo e rumamos para o aeroporto de Bogotá onde teria início mais uma parte de nossa viagem. Ás 9h30 decolaríamos rumo á Cartagena das Índias, destino de sonho do Samir, ....praia no mar do Caribe, maiô, sunga, protetor solar, estávamos preparados, depois de dias com temperaturas amenas em Bogotá, finalmente a praia. Praia? Algo que você nota logo ao chegar em Cartagena é que suas praias são impraticáveis pra banho. Não há praia, as ondas batem nas pedras e podem chegar à rua. Praia só se for de lancha e se não chover...pois choveu todos os dias.
No aeroporto de Bogotá pegamos um ônibus para o local de embarque, lotado de passageiros com suas bagagens e finalmente embarcamos pela Avianca, foram ao todo seis vôos com a Avianca, já estávamos até conhecendo as aeromoças, algumas nem tão moças assim. Decolamos, viagem curta, cerca de 1h30, foi-nos servido um suco e só um suco, problema de quem não tomou o café da manhã, classe econômica tem dessas coisas. Para quem tinha viajado 6horas sem poder movimentar as pernas, o minúsculo espaço entre um banco e outro não permite tal façanha, voar cerca de uma hora seria fácil. Seria... se o tempo não estivesse ruim, se o avião não sofresse turbulência, pouca é claro, também se caísse cairia no mar do Caribe, chique não, se tem que morrer que seja com classe, nem que seja com classe econômica. Sobrevoando o imenso oceano o Samir questionou: onde este avião vai pousar? Na água? Ele não estava com medo, só curioso.
Enfim, Cartagena e... táxi, e.....mala. Mas em Cartagena tudo é mais simples, o taxista colocou as malas no bagageiro e amarrou com corda, também só estava chuviscando, não havia nenhum perigo das malas molharem. Os taxistas de Cartagena são bem amigáveis, inclusive os que possuem um único dente na boca.
Os mosqueteiros responsáveis pelo staff reservaram para nós o Hotel Los Balcones de Badillo na cidade murada, e o nosso quarto tinha balcões, três e grandes, parecia a torre da Rapunzel. A noite sentava- nos no balcão, tomávamos cerveja e ficávamos apreciando o movimento da rua, por sinal bem movimentada. De nosso ponto estratégico observamos tudo o que acontecia. Num determinado momento o Samir falou: - estou intrigado com aquele local ( numa rua vertical ao nosso balcão) a pessoa aguarda na porta, depois entra, acende uma luz verde ela fica lá um pouco e sai, o que será que é este lugar e o que as pessoas fazem lá? Será ponto de venda de droga? A cracolândia de Cartagena? Eu olhava as pessoas na fila e falava: - não, as pessoas na fila parecem gente decente, tem até criança. E o Samir: - Mais alguma coisa tem, porque esta luz verde? Será algum bordel? E eu novamente: - não olha as pessoas na fila. Acompanhamos por muito tempo o movimento no tal lugar de luz verde e combinamos que no dia seguinte iríamos ver o que era. Nossos balcões nos proporcionaram momentos agradáveis, como do senhor que a noite colocava uma cadeira na calçada e ficava lá quase a noite toda e que também despertou nossa curiosidade. O que será que ele faz? É cafetão? Havia umas donzelas suspeitas com ele. E o taxista que toda noite parava o taxí naquele local, tomava um café, fumava um cigarro, conversava com nossos colegas da rua, porque passaram a ser colegas de vivências. Estão percebendo o perigo de não fazer nada? Ficar na janela olhando a vida dos outros, no nosso caso olhando a vida dos outros dos balcões. Recomendo a quem não queira fofocar sobre a vida alheia, e bem alheia, afinal estávamos em Cartagena, longe do Brasil, las personas nos eram completos estranhos, peça , quando viajar, um quarto de fundo, se preserve. Ah! Nós também fomos ao tal lugar de luz verde, ficamos na fila e aguardamos nossa vez como todo mundo, entramos a luz verde acendeu e nós sacamos nosso dinheiro. O tal lugar misterioso que mexeu com nosso imaginário era uma Servibanca ou Caixa Eletrônico.
Como disse ficamos na cidade murada, eu achei incrível parecia que estava num feudo antigo, mas coreto dizer num filme de piratas, pois as muralhas de Cartagena foram erguidas, a partir do século XVI, para protegerem a cidade dos constantes ataques piratas. As muralhas são lindas, a cidade pequena, com muitas casas coloridas com floreiras, ruas estreitas, cheias das palenqueras com seus trajes coloridos e bacia de frutas na cabeça. As palenqueras constituem figura típica com direito a monumento e tudo. Esta cidade pitoresca, inusitada e acolhedora foi fundada em 1533, e tombada pela UNESCO como Patrimônio Histórico da Humanidade.
O Homero, trabalhando com café a vida toda achou o máximo ficarmos próximo de uma pracinha – Cartagena tem várias delas – onde ficava a tienda de los cafeicultores colombianos, o famoso Juan Valdez Café. Tem muito que fazer em Cartagena, a chuva diária não nos impediu de curtir este lugar mágico. Nossa estada coincidiu com a festa da independência e como o concurso de las reinas – concurso de miss. Andar pelas suas calles tranqüilas é um verdadeiro deleite.
Visitamos, a pé, fica próximo de nossos queridos balcões o El Castillo San Felipe de Barajas – castelo construído pelos espanhóis na colina de San Lázaro, ponto estratégico que permite uma visão da cidade, do porto e da chegada pelo mar de quem quisesse invadir a cidade. È recomendável comprar os chaveiros lá, é bem mais barato que nas bodegas.
Numa tarde chuvosa, pegamos um táxi, negociamos um desconto e fomos até o Convento de la Popa. O motorista fez um trajeto que, num determinado ponto estava bloqueado por um carro, como havia policiais perto foi falar com eles, mas nada resolveu, teve que dar a volta. Aí começou nosso pesadelo.. durante toda a subida do morro , em pontos estratégicos se encontravam grupos de jovens fazendo barricada com cordas e com sacos cheios de água para atirar em quem não pagasse o pedágio, a impressão que tivemos era de que seríamos seqüestrados. Chuva, morro, barricadas, seria a FARC? Chegamos em La Popa já irritados, é lógico que a chuva e a tensão nos impediu de ver a beleza do local: o Convento de La Popa com altar e dependências riquíssimas e uma vista de toda Cartagena. O local, ainda serve de moradia para alguns agostinianos, que vivem reclusos no 2º andar, onde é proibida a visitação. Há também com uma coleção de notas e moedas de toda América. Na volta o taxista foi pagando os vários grupos, chegando no pé do morro as ruas estavam alagadas, Voltar para nossos balcões era tudo que queríamos e lógico pagar o motorista o valor sem desconto pois ele mereceu cada centavo.
Ficar hospedado na cidade murada é ótimo para passeios a pé e um passeio que merece ser feito é uma visitinha às las bodegas, mercado artesanal, mas os preços não são bons, é possível achar coisas mais baratas na cidade, nós achamos, bem perto de casa um lugar com preços ótimos, deu para trazer regalitos para todos. Bom também é experimentar os doces do Portal de Los Dulces na Plaza de Los Cochés, esta era uma coisa que queria fazer e não fiz, andar de coche pelas ruas de Cartagena com meu namorado de 34 anos, de idade, não! de casados, dinossáurico um casamento destes.
É passeio obrigatório percorrer a cidade nas Chivas, os acolhedores ônibus coloridos, os rumbeiros. É lógico nós também fomos. Nosso embarque se deu no Hotel Caribe, onde comemos uma ótima pizza a beira da piscina enquanto aguardávamos os outros turistas, sonhando é lógico num futuro próximo hospedarmos num hotel com piscina. Subimos no tal ônibus, junto com outros turistas e com a banda a chiva estava lotada de gente gritando, dançando e tocando instrumentos junto com os músicos. O Conrado comprou marácas que fui tocando o trajeto todo e que depois foram embora com nossa amiga Vera.
Durante todo o percurso os passageiros se servem, à vontade, de rum colombiano e Coca-Cola , incluso no ingresso. O animador faz um concurso da fila mais animada, no banco da frente estava um grupo de Bogotá e ficamos disputamos a animação, o que nos rendeu uma amizade que se prolongou mais tarde na boate com danças, conversas e troca de email. Na chivas conhecemos duas brasileiras, a Vera de Brasília e a Cris de São Paulo.
Há um ponto de parada , onde todas as chivas se encontram para que os passageiros possam dançar em solo firme e socializar com os turistas dos outros ônibus. Neste momento é servido empanada e mais rum para quem ainda tem disposição. Foi nesta parada que tive meu encontro com o bicho preguiça, com direito a foto. A Chiva nos leva até uma boate na cidade murada, por lá permanecemos com as brasileiras e o grupo de Bogotá, a boate é perto dos Balcones de Badillo e fomos embora a pé ( eu e o Homero, os outros companheiros ficaram até a madrugada). A Vera chique que é tinha máscara estilo baile de máscara de festas antigas, tiramos várias fotos com ela.
Conhecemos, também, num outro momento duas jovens que se acercaram de nós com o objetivo de conhecer estrangeiros, acho que o objetivo era os meninos mas, foi uma das jovens que disse que eu me pareço com colombiana de Medellin. Estas jovens nos contaram que há um certo preconceito do pessoal de Bogotá com relação aos de Cartagena.
Ótimo em Cartagena são os restaurantes, de tudo quanto é tipo, gosto e nacionalidade, com preços acessíveis. Alguns merecem destaque: restaurante do Hotel Sofitel Santa Clara onde comemos com o objetivo maior de conhecer o local um antigo mosteiro datado de 1621, é um ponto de referência com seus magníficos jardins, piscina, spa, e suas aves, etc. O tucano famoso, está na web é só abrir na página de Cartagena que lá estará ele ilustrando os comentários de vários turistas, lindo, menor que o do Brasil e de bico verde. O Conrado tirou umas dez fotos do ilustre tucano. Deu para perceber que o local é luxuoso. O Samir pediu uma salada caprese que foi servida totalmente diferente do que já vimos. Nos sentimos VIP.
Excelente, também, foi o restaurante argentino recém inaugurado que entramos somente com o objetivo de tomar a tão famosa cerveja patagônia, que ainda não provei mas, tenho procurado por todo local que passo. Quando vi que o restaurante era argentino pedi para o Homero perguntar se tinha a cerveja patagônia, no seu bom espanhol entendeu que tinha, e lá fomos nós felizes, tomar a patagônia que não tinha. Fói ótimo porque comemos muito bem.
Deixei para o final de nossa estada em Cartagena o passeio pela Ilhas de Rosário, Plaia Blanca e Resort Miramar.
O dia amanheceu com sol, o primeiro deles, que oportunidade melhor para fazer o passeio de lancha pelas ilhas, até então suspenso por causa das chuvas. Entusiasmada acordei os meninos, arrumamos correndo e fomos para o mole ( porto) comprar nossos ingressos. O mole estava cheio de turistas (famílias inteira, crianças, avós) com a mesma idéia: curtir o maravilhoso mar do caribe. Compramos nosso pacote que incluía passeio na lancha até as ilhas, praia e piscina no Resort Miramar com direito à almoço completo, Playa Blanca; a parada na ilha do Rosário que possui o aquário estava suspensa devido as chuvas dos últimos dias, neste momento deveríamos ter cancelado nosso passeio, mas não o fizemos.
Ficamos aguardando chamar nossos nomes para embarcar, disseram que chamaram umas quatro vezes, nós não identificamos nossos nomes em espanhol, bom, então o Homero e o Conrado foram até o local fazer o pagamento e eu e Samir aguardamos. O pessoal ansioso para sair mar adentro, o guia mandando o pessoal embarcar e nós avisando que faltavam duas pessoas, ele dizia que estavam chegando, que era para entrarmos. Entramos, Samir e eu, na lancha lotada, só com nossos lugares vazios, um em cada ponto da lancha, totalmente separados, preocupados e falando com o guia que estava faltando gente e ele mostrou: - uma lancha se aproximando com o Conrado e o Homero em pé, não tem como contar uma visão desta, parecia coisa de cinema, chegada triunfal.
A lancha deu partida, saímos do mole para mar aberto, a lancha velozmente cortava as águas maravilhosas desta parte do Oceano Atlântico chamada de Mar do Caribe. E entrava água na lancha, todos estávamos molhados, os olhos tinham que ficar fechados de tanta água, eu pensava: a velocidade da lancha é está fazendo entrar essa água toda (a lancha é um barco com 40 lugares, aberta) talvez se ela fosse mais devagar não seria tão ruim, eu não havia percebido do local aonde estava que a água entrando na lancha era da tempestade que caia. Ainda bem que não percebi, senão entraria em pânico, um barco rápido com 40 pessoas, em pleno mar aberto debaixo de tempestade e falhando, isto mesmo do local onde estamos percebemos que o motor estava com problemas, vez e outra o piloto puxava o motor com uma corda, o Homero, o Conrado e todos que estavam na frente não participaram deste sofrimento. Um grupo de jovens brincava que teríamos que descer em pleno mar e empurrar, eu olhava para o Samir, ele estava transtornado; pensava: meu Deus são 40KM nesta agonia.
Se fosse só isso........ num determinado local, de um lado e do outro,a lancha é cercada por nativos que pilotam maestrinamente uma canoa de tronco de árvore com uma lata dentro para tirar a água que entrava, alguns deles subiram na murada da lancha e lá permaneceram. O pesadelo de La Popa povoou nossas mentes, digo nossas porque o Samir estava pálido. Agora é seqüestro mesmo...neste momento um turista atira uma moeda ao mar e o garoto da murada mergulha para pegá-la. Era tipo uma atração turística.
A embarcação ia passando, o guia apontava os locais descrevendo-os, só víamos de dentro da lancha. Atracamos no Resort Miramar, ponto de parada de outras lancha. Descemos, o Samir estava sem assunto, bravo, só desejando o fim do passeio. Todos desceram, alguns turistas saíram de lancha para praticar mergulho. Chovia fino, nos amontoamos na parte coberta do Resort, a maioria dos turistas estava insatisfeita. O famoso Resort é um local construído, com uma mínima praia artificial ( não caberiam 20 pessoas deitadas para tomar sol), um amplo restaurante, um viveiro com araras e flamingos, uma pequena piscina e banheiros. Ali deveríamos ficar umas duas horas desfrutando das “maravilhas” do local e almoçar, mas creio que já deu para sentir o clima.
Outra embarcação atracou, alguns turistas que estavam conosco foram até a embarcação e avisaram que era a maior furada, que eles não deveriam descer. E eles não desceram, manifestaram ao piloto o desejo de voltar imediatamente, este disse que não podia que deveriam completar o passeio.
Confusão formada –“ somos clientes, temos direito, queremos ir embora imediatamente” nada feito então: ....ligaram para a guarda costeira, para a agência de turismo, para advogados.....nada. A cozinheira do restaurante foi até a embarcação para convidar para almoço, recusa novamente.
O Samir nos chamou: vamos entrar na lancha deles porque se eles conseguirem voltar, nós iremos também, assim fizemos pulamos para a lancha e ficamos aguardando....e aguardando....e confusão....e aguardando.......e mais confusão, até que a nossa lancha zarpasse para a Playa Blanca. Com medo de que o problema deles não fosse resolvido e de perder também nossa lancha, voltamos para nosso lugar e rumamos para Playa Blanca.
Nesta confusão toda, eu, Homero e Conrado descemos para almoçar no Resort, o Samir ficou implacável guardando o lugar na lancha. O almoço estava ótimo: arroz de coco, peixe frito, salada e patacones ( um tipo de banana frita).
Playa Blanca – A descida do barco é feita pelos nativos que depois cobram” elevação”, colocam uma cadeira de praia perto do barco e a gente desce por ela ( é alto) a descida é fácil, o difícil é subir novamente na lancha. O assédio freqüente dos vendedores, cada um com sua técnica especial de atacar os possíveis clientes é detestável, ficam te pegando oferecendo massagens, cremes, um martírio. O mar é lindo, apesar das chuvas que não deixaram a água transparente como ela é. Os meninos entraram no mar. O momento mais gostoso? Voltar para Cartagena.
Quero ressaltar que o nosso passeio foi péssimo porque, na verdade, as lanchas não deveriam sair naquele dia depois de tanta chuva, mas o lucro fala mais alto e as empresas só se importam com isso. Este passeio realizado em condições normais é extraordinário, basta ler o relato e ver as fotos postados por turistas na internet.
Dia seguinte Panamá.

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